“Costumam me dar, no máximo, 30”, jura ele, que tem 46 anos. Dono da Galeria dos Pães, no Jardim América, Oliveira vive com sua mulher, a dona de casa Ivi Olingene, 33, e o filho Davi, 4. Além de praticar esportes com frequência (é lutador de jiu-jítsu), adota outros cuidados para manter a aparência. Desde 2005, faz aplicações de Botox.
De dois anos para cá, acrescentou ao pacote estético sessões de preenchimento facial, que ajudam a suavizar as rugas e linhas de expressão, garantindo-lhe um ar sempre descansado. “Ter uma boa imagem é fundamental nos negócios”, justifica, sem negar que uma parcela do investimento tem a ver com a vaidade. “Parecer mais jovem ajuda a aumentar a autoestima.”
A exemplo de Oliveira, muitos paulistanos que vão comemorar o Dia dos Pais, no próximo domingo (11), estão frequentando cada vez mais os centros de estética e os consultórios de cirurgiões plásticos da capital. Segundo estimativas do mercado, os homens com mais de 40 anos já representam entre 25% e 40% da clientela. Uma pesquisa realizada na Jornada Paulista de Cirurgia Plástica, com a participação de 1.500 médicos, no início de junho, mostrou que 86% deles tiveram um aumento de pacientes masculinos nos últimos cinco anos.
Um desses especialistas, Alexandre Senra, é conhecido no Hospital Albert Einstein por atender um grande número de homens: eles correspondem a 30% do total de quinze pessoas que são operadas em média por mês. Muitos o procuram para fazer lipoaspiração a laser. Menos traumática que a tradicional, a técnica é realizada com um instrumento importado dos Estados Unidos. “O paciente opera hoje e amanhã está apto a voltar a trabalhar”, afirma Senra. “Em uma operação convencional, é preciso ficar uma semana de cama.” O médico foi um dos pioneiros do procedimento em São Paulo, cujo preço varia de 10.000 a 30.000 reais. Entre os seus pacientes estão empresários, políticos e executivos do mercado financeiro. Em comum, além de não terem tempo a perder em uma longa recuperação, eles buscam discrição. “Apesar da popularização que vem ocorrendo nos últimos tempos, ainda existe certo tabu em torno do tema”, explica o cirurgião plástico. “Alguns dizem que vão viajar e se hospedam em um flat. Operam e a mulher nem fica sabendo.” Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a lipoaspiração é a cirurgia plástica mais realizada em homens, seguida pelas técnicas que proporcionam um rejuvenescimento facial, como o lifting.
A expectativa é que em pouco tempo homens e mulheres representem igual número nas clínicas de dermatologia. Preocupados com a calvície, eles chegaram aos consultórios em busca de tratamento contra a queda de cabelo, mas descobriram os benefícios de outros recursos estéticos, como o Botox e tratamentos para a queima de gordura localizada. Na clínica da dermatologista Adriana Vilarinho, com unidades no Jardim Paulista e na Vila Olímpia, os homens, numa faixa etária média de 35 a 55 anos, correspondem a 40% dos atendimentos diários. “Alguns chegam trazidos pelas mulheres, mas muitos vêm sozinhos”, diz Adriana.
Antes universo dominado pelas mulheres, os salões de beleza, spas e centros de estética da capital estão abrindo espaços exclusivos para atender à demanda. Na Vila Olímpia, há um ano funciona o Romeo — The Grooming Room, uma pequena barbearia na qual eles têm até o luxo de se servirem de cerveja importada enquanto se entregam aos cuidados dos seus profissionais. Para o dia 11, o salão preparou uma promoção: o filho que levar o pai ao salão para cortar o cabelo (48 reais) ganhará a barba feita com navalha (o serviço custa normalmente outros 48 reais). Proprietária do Romeo, Karen Yamauchi afirma que os colegas de profissão diziam que o empreendimento dela era fadado ao fracasso. “Recebemos hoje cerca de oitenta clientes por semana e não tenho do que reclamar”, comemora.
Com um público formado principalmente por executivos, entre 30 e 60 anos, o Studio Lorena, localizado nos Jardins há dois anos e meio, tem entre seus serviços mais pedidos a camuflagem de fios brancos. É um desses “milagres” que prometem deixar as pessoas com um grisalho mais puxado para o cinza, como o do ator americano George Clooney, e sem a cara de quem pintou o cabelo. O processo não demora mais do que cinco minutos e custa 145 reais. Ali, o atendimento aos homens é feito reservadamente no 2º andar. As cadeiras da marca Ferrante remetem às barbearias de antigamente. “Os fregueses que nos procuram querem discrição. Muitos acabam fazendo negócios aqui”, conta o proprietário Luís Silva.