“Em uma reunião na matriz fui questionado sobre meu excessivo ganho de peso, que aconteceu recentemente. Perceber que a aparência física também é relevante me motivou a fazer a lipoaspiração”, diz o paciente.
A possibilidade de ter recuperação emapenas 48 horas tem feito com que executivos de média e alta gerência optem pela lipoaspiração a laser. O número de homens que buscaram esse tipo de intervenção cirúrgica cresceu 90,5% entre 2000 e 2010, no consultório do médico Alexandre Senro, cirurgião plástico do hospital Albert Einstein, em São Paulo. O movimento traz à tona o debate em torno da vaidade e da aparência física no ambiente corporativo.
“A maioria dos pacientes diz que a motivação para fazerem a cirurgia é profissional, que se fosse apenas por uma realização pessoal não fariam”, diz Senro. Esta pode ser uma tendência, uma vez que a apresentação visual dos candidatos e funcionários temfeito cada vezmais parte da realidade das empresas.
Sucesso na seleção Segundo um levantamento recente da Catho Online, empresa de classificados de vagas e currículos via web, mais de 90% dos recrutadores vê o quesito aparência como relevante. “Hoje, independentemente de o profissional trabalhar com o público, a aparência é um critério considerado durante a seleção e chega a ter peso de 60% a 70%”, afirma Regina Cadelca, que lida com carreiras na Catho Consultoria emrecursos humanos.
Como em um ciclo, os profissionais também estão cada vez mais preocupados com a imagem que expõem aos seus pares, superiores, subordinados e também à mídia, no caso dos representantes das empresas que frequentemente concedem entrevistas.
“Um grande executivo precisa ter boa aparência, pois o mercado está de olho nesse tipo de cuidado”, diz Senro. Regina concorda até certo ponto. “A companhia quer um profissional de boa postura para representá-la e os altos gestores são o primeiro modelo para a equipe”, diz. Para ela a boa aparência gera resultados positivos, mas admite que há excessos.
Boa aparência não basta O sócio da Search Consultoria em RH, Wagner Piolla, declara que não é possível ser ingênuo a ponto de imaginar que a aparência e a postura não interferem na forma com que se avalia um profissional, no entanto, há uma boa dose de exagero nas condutas de mercado. “A aparência deve sempre estar aliada a muitos outros fatores. Eu questiono a empresa que permite que isso esteja à frente da formação técnica e relacionamento interpessoal, por exemplo”, afirma.“As pessoas são criticadas sim, mas eu também questiono o profissional que permite que a demanda demercado o influencie desta forma. Antes de tudo ele precisa reconhecer seus valores”, diz Piolla.
Para o sócio da Search esta é um decisão particular integrada à profissional e não deve ser tratada de forma isolada. “Não acredito que a forma física de um excelente profissional esteja à frente de sua capacidade. A aparência é somente um fator agregador.”