Uma delas é cirurgia plástica, mais exatamente blefaroplastia – a palavrona que identifica a remoção a bisturi das sobras de pele e de gordura em volta dos olhos. Do alto da experiência de quem já fez e assumiu sem problemas, em 1987, o presidente nos últimos tempos tem azucrinado seu ministro da Fazenda, Pedro Malan, 56 anos, para que também entre na faca.
Compreende-se a preocupação daquele que conhece, e muito, os efeitos deletérios de uma imagem cansada e abatida em um momento delicado. E é fato que o elegante e bem vestido Malan, desde a reviravolta cambial de janeiro, deu uma alavancada nas bolsas que sempre carregou sob os olhos.
Amigos garantem, porém, que o ministro, economista que nunca disputou um cargo eletivo, resiste às pressões do presidente e desconversa, argumentando que tem o “direito de envelhecer” – reivindicação perfeitamente legítima, embora a inexorável ação do tempo não seja exatamente questão de opção.
Ou será que pode ser? “O Malan iria rejuvenescer mais de dez anos se fizesse a cirurgia”, calcula o cirurgião plástico Alexandre Senra, de Belo Horizonte. Um ano mais velho que o colega, o ministro José Serra, da Saúde, na trilha do amigo Fernando Henrique, fez uma recauchutagem total na área dos olhos durante o Carnaval.
Passados quase dois meses, seu rosto ainda está um pouco inchado e ele aparenta bem uns 57 anos.
Os especialistas afirmam, porém, que dentro de pouco tempo o efeito rejuvenescedor da cirurgia será evidente. Opositor no Congresso mas parceiro no bisturi, o senador petista Eduardo Suplicy aplaude a decisão de Serra. Empurrado pela mulher, Marta (ex-deputada e fã declarada das correções estéticas), submeteu-se a uma cirurgia das pálpebras há dois anos, em São Paulo, e aprovou. “Inclusive, certa vez encontrei o Malan em um restaurante e disse que uma plástica lhe faria bem.” O ministro, acrescenta, apenas sorriu.
Fraco pela vaidade – Para os vaidosos políticos de Brasília, rejuvenescer, emagrecer e se tratar está na pauta das urgências urgentíssimas da vida pessoal. “Eu acho que o Malan tem é medo de bisturi”, desdenha o deputado Celso Russomanno, do PPB de São Paulo, que corrigiu as pálpebras há quatro anos, quando tinha apenas 38. Trata-se, em geral, de uma operação das mais simples: leva cerca de duas horas, custa em média 3.000 reais e, em uma semana, a pessoa pode voltar a trabalhar. Mas nem só de pálpebras esticadinhas vive um parlamentar vaidoso. Russomanno gasta 250 reais por mês com duas sessões de tratamento facial à base de vitamina C e ácidos. Além disso, o deputado, que também é apresentador de TV, diariamente se exercita, com seu personal trainer, nos aparelhos que mantém em casa. “A minha uma hora e meia de ginástica é sagrada”, diz Russomanno.
Seu colega deputado Osvaldo Biolchi, 64 anos, do PMDB do Rio Grande do Sul, já foi padre mas confessa: peca pela vaidade. Fez plástica em 1986, pinta o cabelo há vinte anos e todos os dias da semana caminha no mínimo uma hora. Depois, faz mais uma hora de exercícios numa academia de Brasília, sob a orientação de uma personal trainer. “Minha mulher é quinze anos mais moça. Tenho de me cuidar”, brinca. “Uma aparência agradável é melhor que uma desagradável”, sentencia, por sua vez, o senador Gilberto Mestrinho, do Amazonas. Aos 71 anos, cabelo e bigode retintos, Mestrinho não só assume que tinge como põe a mão na massa. “Eu mesmo retoco em casa”, diz o senador, que há seis meses também retirou bolsas de gordura sob os olhos.
Turma do Xenical – Na cabeça dos nobres senadores, aliás, corre um rio de tintura. Desde os tempos da Presidência da República que José Sarney, 68 anos, escurece cabelo e bigode. Seu colega e presidente do PMDB, Jáder Barbalho, 54 anos, substituiu há três meses o preto-graúna por um produto importado que, segundo ele, devolve a cor natural. Deve ser parecido com o preparado que não deixa, de jeito nenhum, a cabeça do senador gaúcho Pedro Simon, 69 anos, embranquecer. “A única coisa que admito é que minha mulher passe uma vez por semana um líquido que restaura a cor dos meus cabelos”, conta Simon. Cabelos, aliás, estão cada vez mais alijados do processo de envelhecimento. O ex-governador Leonel Brizola, 77 anos e grisalho, em dezembro passado rebelou-se e desembarcou em Porto Alegre com uma resplandecente cabeleira acaju. Dois meses depois, animado, trocou o acaju pelo preto.
Outra opção pluripartidária no Congresso é o Xenical, o remédio da moda para PERDER PESO. O robusto líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson, 45 anos, 1,83 metro e 150 quilos, toma, e perdeu 15 quilos desde dezembro. “Meu objetivo é voltar aos 120 quilos que eu tinha até 1992, quando parei de fumar”, discursa. O deputado carioca alia ao remédio e à dieta três sessões de exercícios físicos por semana e socos em um saco de areia de 30 quilos, com luvas de boxe e tudo, sempre que tem chance. Na contagem dos resultados da pílula azul, o deputado Antonio Palocci, do PT de São Paulo, também está prosa. “De janeiro para cá, emagreci 14 quilos, e preciso perder mais 15”, diz o petista, que mede 1,79 metro e pesa 105 quilos. No painel dos tomadores de Xenical marcam presença ainda o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, consumidor há um mês, e o vice-presidente da Câmara, Heráclito Fortes, usuário há dois meses. Entre tanta patrulha do espelho, não espanta que as bolsas sob os olhos de Malan estejam saltando aos olhos.
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