Quando dito em Brasília, o termo operação sigilosa pode assustar muita gente. A não ser que a frase saia da boca do cirurgião plástico belo-horizontino Alexandre Senra, de 51 anos. Ele é famoso por operar políticos, executivos e empresários no mais absoluto sigilo. Muitos dos homens mais ricos do país já passaram por suas mãos habilidosas. Se em outros consultórios a média de pacientes masculinos gira em torno de 10%, no de Senra esse número sobe para 30%. Vários motivos justificam esse sucesso. Além de sua propalada discrição, ele é especialista em lipoaspiração a laser. A grande diferença desse procedimento para o tradicional é o fato de ser muito menos traumática e dolorosa, já que a cânula usada é significativamente mais fina. Com isso, a recuperação é mais rápida. “Alguns que operam no sábado já estão de volta ao escritório na segunda-feira”, diz. “Essas pessoas não podem ficar muito tempo longe de seus negócios.”
Alexandre é um dos principais cirurgiões do Albert Einsten, em São Paulo, que também segue a linha da discrição extrema. O hospital conta com um esquema VIP para atender os mais poderosos, como entrada privativa e cirurgia às quatro da manhã, quando diminui o movimento nos corredores. “Muitas vezes, o paciente chega meia-noite e vai direto para o quarto, ontem um concierge a sua espera”, explica Senra. “De lá, ele vai direto para o centro cirúrgico. Ninguém fica sabendo.”
A agenda de Senra é atribuladíssima. Ele dorme apenas quatro horas por noite. Às quatro da manhã, o despertador toca e às 5h20 está no hospital, pronto para operar. À tarde atende em sua clínica, no Itaim, bairro onde também mora com a mulher, Marcela, e a filha, Nicole, de 8 anos. À noite, volta ao hospital para dar alta e visitar os pacientes operados. “Acho que só aguento esse ritmo porque amo o que faço. Trabalho com prazer”, diz. Isso sem contar as viagens. Só em novembro, esteve três vezes no exterior. No total, seu passaporte registra passagens por 45 países. Mesmo diante de tantos compromissos, Alexandre vai abrir em breve um consultório no Distrito Federal. É que em véspera de eleição o número de cirurgias chega a dobrar. No último mês, ele operou uma deputada e um senador. “É mais do que beleza. Os candidatos querem parecer mais jovens, com mais disposição para cumprir as promessas”, diz. “É interessante por- que um conta para o outro e pronto, cria-se uma rede gigante.” Para conseguir atender a turma do Congresso e do Senado, o médico quer ficar em Brasília de terça a quinta. “Os políticos têm muita dificuldade em marcar consulta ou fazer o retorno. Por isso, quero estar mais próximo.”
Formado em 1991 pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, Alexandre é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plás- tica e faz parte de diversas sociedades médicas internacionais, incluindo a Sociedade America- na de Cirurgia Plástica Estética (Asaps). O feito é para pouquíssimos. Segundo o médico, a Asaps conta com 6,2 mil especialistas, sendo apenas 28 brasileiros. “Não penso em parar tão cedo, estou no auge da minha carreira.”
Fonte: https://www.revistaencontro.com.br/canal/revista/2018/01/doutor-dos-poderosos.amp.html