A procura por médicos na internet requer cuidados. Ao mesmo tempo em que pode ser utilizada para buscar informações e consultar a situação dos profissionais em órgãos de classe, a rede serve de espaço para conteúdos proibidos, como anúncios, promessas e promoções.
“Promessas nas redes sociais são um indicativo de problema porque as pessoas estão prometendo muito mais do que vão conseguir oferecer. Isso é um risco muito grande porque o resultado não vai vir, virá uma insatisfação”, afirma o cirurgião plástico Alexandre Senra, membro do Departamento de Mídias Digitais da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).
Os médicos têm regras a seguir nos meios de comunicação de massa. Elas foram definidas em 2011, quando o CFM (Conselho Federal de Medicina)
publicou o Manual de Publicidade Médica (https://portal.cfm.org.br/publicidademedica/arquivos/cfm1974_11.pdf) (Resolução CFM 1.974/11), e
englobam de privacidade do paciente a pagamentos.
Segundo o documento, ao usar sites e redes sociais, o profissional não pode “garantir, prometer ou insinuar bons resultados de tratamento sem
comprovação científica”, tampouco usar imagens de pacientes para divulgar técnicas ou resultados de procedimentos. Assim, posts com “resultados
garantidos” ou fotos com “antes e depois”, por exemplo, estão descumprindo o regulamento e podem gerar penalizações.
O CFM também proíbe ao profissional publicar endereço e telefone de consultório, clínica ou serviço; realizar divulgação publicitária de maneira
exagerada ou anunciar títulos científicos e especialidades que não possa comprovar.
Em relação aos honorários, o conselho veta que o médico use as redes para divulgar preços de procedimentos e tratamentos, modalidades de pagamento, parcelamentos ou concessões de descontos. “Profissionais que divulgam ‘antes e depois’, que expõem preços não são profissionais sérios e provavelmente o resultado não vai ser bem alcançado”, afirma o cirurgião plástico.
DESCONFIE SE O MÉDICO
- Expõe pacientes como forma de divulgar resultados
- Anuncia títulos e especialidades que não possui
- Divulga tratamentos não reconhecidos cientificamente
- Anuncia valores, formas de pagamento e promoções
De acordo com o CFM, o ideal é que o profissional utilize os meios de comunicação como espaço para a apresentação de conteúdos educativos, não
como forma de estimular o sensacionalismo ou a autopromoção. No caso da cirurgia plástica, Senra exemplifica que as plataformas podem ser usadas para divulgar os tratamentos que existem, tirar dúvidas e mostrar a importância da especialidade.
Ele ressalta que as redes sociais não são a melhor maneira de encontrar profissionais e que o ideal seria buscar a indicação com amigos, parentes e
outros médicos. No caso daqueles que buscam cirurgiões plásticos, Senra destaca a necessidade de rever expectativas para evitar futuros inconvenientes.
“A alta expectativa é até uma contraindicação. O cirurgião plástico precisa conversar bastante com o paciente, entender e expor até onde se pode ir e o que é capaz de oferecer. Às vezes, nas redes sociais, existe uma indicação de mágica e a cirurgia plástica não faz mágica.”
O médico acrescenta que muitos profissionais se intitulam cirurgiões plásticos, porém não passaram pela residência e não se submeteram aos critérios para obtenção do título de especialista, um problema existente também em outras áreas.
Nesse caso, uma forma de verificar as informações é buscar pelo profissional no site do (https://portal.cfm.org.br/busca-medicos/)CFM (https://portal.cfm.org.br/busca-medicos/). Com dados como nome ou número do registro, é possível checar se a situação do profissional com o conselho está regular, a especialidade, área de atuação e, no caso em que os profissionais autorizam exibição, o telefone e o endereço.