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Beleza pura

Mas, quando chega perto de uma eleição, boa parte faz regime, entra num bisturi, implanta cabelo ou intensifica cuidados que já tem. Nesse cardápio de belezuras, as cirurgias plásticas chamam a atenção. Na contabilidade dos cirurgiões mais procurados do país, os políticos formam 2% da clientela. Mas, em época de eleição, o número chega a crescer cinco vezes.

Nos últimos meses, o cirurgião Carlos Oscar Uebel, de Porto Alegre, operou quarenta políticos. Um deles foi José Paulo Bisol, ex-vice de Lula em 1994, candidato ao Senado pelo PSB gaúcho. Bisol corrigiu uma cicatriz no rosto que trazia desde a infância e, aproveitando, fez uma recauchutagem geral na face. Em Campinas, no interior de São Paulo, o cirurgião Edwald Merlin, que há vinte anos reformou o nariz de Orestes Quércia, opera uns dez políticos por ano. “Em época eleitoral, no meu consultório, o número dobra”, diz.

A partir dos anos 80, a cirurgia plástica deixou de ser um tabu masculino e, hoje, os homens compõem cerca de 30% da clientela. Há políticos que falam sobre isso abertamente. O deputado Marcos Helênio Pena, do PT de Minas Gerais, candidato a suplente para o Senado, fez um implante de cabelo para enfrentar as urnas. Diz ele que, em 1989, quando participou da campanha de Lula, ouviu muito eleitor dizendo que votaria em Fernando Collor “só porque ele era mais bonito”.

Se beleza traz voto, Pena foi à luta. “Desde que fiz a cirurgia me sinto mais seguro.” Outro que não esconde o intenso plantio capilar é o ex-governador do Paraná Álvaro Dias, que concorre ao Senado. Em dez anos ele submeteu-se a vários apliques de cabelo. Já fez cirurgia que virou dor de cabeça, com os fios de cabelo sintéticos provocando inflamações, mas nunca desistiu. Agora, para a eleição, pôs novos tufos na cabeça. “Nunca cheguei a ficar calvo. Sou um homem público e tenho de ser vaidoso”, alega. Mas há também políticos que fazem altas negociações de bastidores para esconder a intervenção do bisturi.

Curativos no flat — Em Belo Horizonte, o cirurgião Alexandre Senra, que já operou vinte candidatos neste ano, conta que muitos políticos têm receio de passar uma imagem falsa para o eleitor. O time dos receosos faz consultas à noite ou nos fins de semana. Senra operou um deputado paulista que solicitava sua presença num flat até para fazer curativos. Ele se recusava a aparecer no consultório, com medo de ser visto. No início deste ano, um político mineiro escondeu a plástica até da própria mulher. “Só não deu certo porque a mulher dele também era minha cliente e fizera a mesma cirurgia”, conta Senra. Há quatro meses, o deputado Inocêncio Oliveira, de Pernambuco, apareceu na Câmara com um curativo no nariz dizendo que fora uma cirurgia para corrigir um desvio de septo. De fato, ele fez isso. O que Inocêncio não contou é que, na mesa de operação, pediu para dar uma afinadinha no nariz.

Entre os políticos, há os que só se preocupam com a imagem às vésperas de um pleito, mas há também os que fazem isso durante o mandato todo. O pessoal do PT afirma que o deputado Fernando Gabeira fez peeling, a descamação da pele para ficar com a cútis aveludada como a de um bebê. Ele nega. Diz que faz exercícios físicos todos os dias, sempre usa hidratante no rosto e nos lábios para enfrentar o clima seco de Brasília e virou vegetariano para manter seus 70 quilos. Mas sua pele realmente está um brinco. Celso Russomanno, deputado mais votado do país na última eleição, faz 1.000 abdominais por dia, tem uma academia na sua casa em São Paulo e outra em Brasília e trata do rosto duas vezes por mês, com aplicações de vitamina e ácidos. “Não dá para descuidar da imagem”, diz o deputado.

Saiba Mais: http://veja.abril.com.br/260898/p_050.html

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Autor: Dr. Alexandre Senra (CRM/SP 95678)

O cirurgião plástico Dr. Alexandre Senra se formou em Medicina no ano de 1991 na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, em Belo Horizonte, tendo feito sua especialização obrigatória para ser cirurgião plástico. Possui Título de Especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), referendado pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina (CFM).

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